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Política

Prisão de professores e alunos expõe o caráter opressor do
governo de Goiás. Episódio lembra a ditadura.

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A prisão de 04 professores e cerca de 27 alunos da rede pública de ensino, ocorrida na semana passada em Goiânia, remete-nos a um dos mais tristes capítulos da história do Brasil, vivida durante os anos em que vigorou o regime de exceção no país. As prisões ocorreram durante manifestação promovida pelos estudantes secundaristas de Goiás contra a implantação da gestão compartilhada na educação pública do Estado. Alunos e especialistas protestam contra o que chamam de “terceirização” da educação e querem que o Governo volte atrás no projeto de entregar a gestão das escolas públicas para Organizações Sociais.

Entre os presos na semana passada estava o Professor-Doutor da Universidade Federal de Goiás, Rafael Sadi. Ele foi preso enquanto acompanhava a manifestação na sede da Secretaria de Educação, em Goiânia. Segundo relatos de amigos e do próprio professor, houve um flagrante preparado pela polícia para prendê-lo. Sadi é um dos vários professores que são contrários a implantação das OSs e tem contribuído com pesquisas e levantamentos pontuais que mostram o equívoco das organizações sociais na administração da educação pública.

Ao deixar a carceragem da Deic, para onde foi levado depois de ser preso sob a acusação de estar incitando o protesto, Sadi falou da humilhação a que foram submetidos os manifestantes na cadeia e disse que essa (a sua prisão e dos demais manifestantes) era a única arma que restava ao Governo de Goiás na sua inglória luta de privatizar a educação pública de Goiás. “Nós fomos presos porque o Governador sabe, a Secretária de Educação sabe, que a ocupação das escolas tem prejudicado esse processo de implantação das OSs. Portanto ele usou a única arma que tinha, que é a opressão, é bater em menores, é colocar pessoas formadas, com mestrado, com doutorado, dentro da cadeia, sendo tratados como criminosos. Ele usou essa arma porque as OSs não estão conseguindo vencer”, disse indignado o professor.

A notícia de prisão dos professores doutores correu o mundo. Segundo Sadi, manifestações de solidariedade e repúdio às prisões foram recebidas de várias partes do planeta. O Governo recebeu manifestações de associações de professores e alunos da Rússia e a sociedade acadêmica de Goiás e do Brasil também se manifestaram. O Reitor da Universidade Federal de Goiás esteve pessoalmente na carceragem da Deic a fim de garantir a integridade física dos professores e alunos.

O triste fato, que nos remete aos anos de vigência do AI-5 da ditadura imposta no Brasil entre os anos de 1964 e 1985, quando vários estudantes, professores, jornalistas e cidadãos do povo desapareceram sob a opressão do governo militar, curiosamente, se repete num estado governado por um político eleito democraticamente por 04 mandatos e em plena vigência do estado democrático de direito. Marconi Perillo (PSDB) jacta-se publicamente de perseguir professores da rede pública, como o fez em evento na Bahia, quando afirmou que a militarização de colégios e a implantação de OSs na educação teriam o condão de “punir” professores que criticam a sua administração.

A luta dos professores e dos alunos secundaristas do Estado receberam um importante apoio dos Ministérios Públilcos de Goiás, Ministério Público Federal e Ministério Público de Contas do Estado, os quais recomendaram, formalmente, à Secretária Raquel Texieira, que se abstenha de dar prosseguimento ao chamamento das OSs, até que pontos dos projetos, supostamente, inconstitucionais sejam melhor avaliados e discutidos.

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