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Política

Carta aberta ao Senador Ronaldo Caiado

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Por Cloves Reges Maia

Caro Senador Ronaldo Caiado,

Com grata satisfação, leio no Diário da Manhã de hoje, 29/01, que o senhor teria o sonho de governar Goiás. És, sem dúvidas, um grande nome, um grande caráter, que muito tem honrado os votos que recebera na sua carreira política por Goiás. De fato, uma esperança para devolver ao povo goiano a dignidade e a certeza de um estado melhor. Temo, porém, que o senhor não realize o vosso sonho e, concomitantemente, de muitos goianos.

Longe de questionar a sua capacidade de ganhar no voto popular a eleição para governador, o meu temor é que o senhor não encontre um estado para governar. Depois de 20 anos de governo tucano, Goiás experimenta um de seus piores momentos financeiros de sua história, o que repercute, indiscutivelmente, na qualidade de vida de sua população. É possível que, quando o senhor chegar ao governo, em 2019, Goiás não tenha mais como fazer frente às demandas de sua população, haja vista os rombos bilionários abertos nas contas públicas nos últimos anos de governo Marconi Perillo. Mais de 20% do orçamento anual do Estado vem sendo comprometido com dívidas de curto prazo de exercícios passados, os chamados Restos a Pagar. Sem dinheiro e sem condições de contrair empréstimos, o governo busca saída nas receitas extraorçamentárias, como a securitização da dívida e alienação de bens e empresas públicas.

Nesses 20 anos de governo do famigerado tempo novo, a dívida consolidada de Goiás ultrapassou a barreira dos R$ 20 bilhões e os serviços dessa dívida consomem cerca de 13% da Receita Corrente Líquida. A renúncia de receitas, distribuída a mancheias e sem a comprovação de medidas compensatórias,  extrapolou todos os limites do bom senso. O saldo negativo da conta centralizadora, que em 2015 atingiu R$ 2,1 bilhões, é curiosamente ignorada na contabilidade do governo. O cumprimento dos índices constitucionais da educação, saúde e cultural têm sido descumpridos reiteradamente e os investimentos em segurança pública são pífios, coisa de 1,5% do orçamento.

Com esse quadro, e a completa leniência dos órgãos de controle externo das contas públicas, é possível que o senhor não tenha mais o que fazer quando chegar ao poder, senão decretar estado de calamidade. Assim como o Rio de Janeiro, Goiás caminha para a completa insolvência e para a dilaceração de seu patrimônio, como aconteceu com a Celg-D, por exemplo.  Portanto, se o senhor tem mesmo esse sonho de governar Goiás, é bom que olhe com mais atenção para a situação calamitosa das contas públicas goianas, usando sua condição de líder político para encampar medidas de apuração, fiscalização e punição ao atual governo, que vem conduzindo as finanças públicas goianas de forma absolutamente temerária.

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