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Política

Em entrevista, Marconi Perillo não fala sobre prisão em 2018, ignora condenação penal em primeira instância e minimiza gravidade de outras 30 ações de improbidade

O tucano falou à jornalista do jornal O Popular, acusa um procurador da República e membros do Ministério Público de Goiás de armações e perseguições e se coloca como vítima do governador Ronaldo Caiado. Sobre os rombos nas contas do Estado ao final de 2018, o ex-governador se esquiva e diz que governou Goiás só até abril daquele ano

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Na entrevista ao jornal O Popular, publicada na edição on-line da última sexta-feira, 02/07, o ex-governador de Goiás Marconi Perillo (PSDB) deixou de enfrentar questões delicadas que marcaram seus últimos dias na política goiana e outras questões jurídicas que hoje representam um entrave para sua volta à política goiana.

Não lhe foi perguntado e Marconi não respondeu sobre sua prisão quando prestava depoimento na sede da Polícia Federal em Goiânia, em 10 de outubro de 2018. Na época, estava em andamento a Operação Cash Delivery, do Ministério Público Federal, que apurava denúncias trazidas por delação de ex-executivos da empreiteira Oderecht, que acusam o tucano de recebimento de propina.

De acordo com o Ministério Público Federal,  Marconi Perillo, por intermédio de Jayme Rincon, presidente licenciado da Agência Goiana de Transportes e Obras (Agetop), teria recebido ilicitamente recursos para suas campanhas eleitorais ao Governo do Estado de Goiás nos anos de 2010 e 2014, em troca de patrocinar os interesses da Odebrecht no Estado, especificamente os interesses da Odebrecht ambiental na área de saneamento básico. Marconi Perillo teria sido beneficiado com o pagamento de R$ 10 milhões, sendo R$ 2 milhões em 2010 e R$ 8 milhões em 2014.

Em decisão que decretou a prisão preventiva de Jayme Rincon dias antes da eleição de 2018, o juiz da 11ª Vara Federal de Goiás chamou a atenção para a influência demonstrada por aquele apontado como chefe da organização criminosa e cita nominalmente o ex-governador de Goiás como sendo o provável líder do grupo, acusado de favorecer a empresa Odebrecht em Goiás em troca de propinas.

Na entrevista dada à jornalista Fabiana Pulcineli, Marconi Perillo também não foi instado a falar sobre a condenação em ação penal eleitoral pelo crime de caixa 2 na eleição para o senado em 2006. O tucano foi sentenciado, inicialmente, a 1 ano e 8 meses de prisão pelo juiz Wilson da Silva Dias, da 133ª Zona Eleitoral. A pena, no entanto, foi substituída pela prestação de serviços à comunidade com uma hora por dia pelo prazo da condenação e pagamento de R$ 14 mil, além de R$ 4,2 mil de multa. A sentença foi exarada em outubro do ano passado e, se confirmada  em segundo grau, o tucano que governou Goiás por quatro mandatos pode ficar inelegível por até 9 anos e 8 meses.

Sobre as mais de 30 ações de improbidade administrativas que responde na justiça goiana, o tucano minimiza a gravidade dos processos e preferiu acusar membros do Ministério Público de perseguição política. Na área cível, Perillo é acusado, entre outras irregularidades, de não aplicar recursos mínimos na pasta da saúde nos últimos quatro anos de gestão, de concessão irregular de incentivos e ainda pela remissão fiscal bilionária dada à empresa JBS/Friboi ao apagar das luzes de 2014.

Marconi também responde por suposto crime de corrupção em ação oriunda da Operação Monte Carlo. Ele é acusado de receber R$ 90 mil de propinas divididos em duas parcelas de R$ 45 mil, pagas pela Delta Construções, do empresário Fernando Cavendish, também denunciado. A denúncia foi recebida pelo juiz Ricardo Prata, da 8ª Vara Criminal de Goiânia, em agosto de 2018.

 

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