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Cidades

Saúde administrada por OS é excludente e não cumpre papel social.

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Na prática, a teoria é outra. Talvez essa seja a frase de efeito que melhor retrata a atuação das Organizações Sociais – OSs, à frente dos hospitais públicos de Goiás. Administração concebida sob o argumento de agilizar e melhorar o atendimento de saúde pública ao cidadão, as OSs revelam-se um grande sofisma, ou seja, uma mentira, propositalmente maquiada por argumentos verdadeiros, para que possa parecer real. Senão vejamos:

Sob a alegação de que saúde não espera e de que a administração pública é engessada pelo princípio da legalidade, assente no artigo 37 da Constituição Federal, o Governo de Perillo instituiu às administrações por OS no sistema público de saúde estadual. Entidades, em tese sem fins lucrativos, instituídas a toque de caixa foram contempladas com contratos milionários a fim de conduzirem hospitais públicos em Goiânia e região metropolitana.

O maior deles, o Hugo, hospital de urgências de Goiânia, passou às mãos do Instituto Gerir quando atendida, em média, 800 pacientes/dia. Sob à OS passou atender 190 pessoas por dia. A explicação dada para essa substancial queda no atendimento é de que o sistema de regulação de pacientes da rede conveniada é que encaminha os doentes.

O Hugol, ou Hugo 2, recentemente inaugurado tem atendido uma média de 75 pessoas/dia. Igualmente regulado, o hospital não atende o anseio da população local, que continua obrigada a procurar o Cais ou Upa para ser atendida. Apenas casos graves e devidamente encaminhados pela central de regulação são atendidos no novo hospital. A OS Agir, a mesma que administra o Crer, recebe R$ 15 milhões mensais para gerir o novo hospital.

Já o HGG, gerido pela Idetech, teve, recentemente, o contrato reajustado de R$ 66 milhões para R$ 126,6 mihões/ano. O número de atendimentos, entretanto, permaneceu inalterado: uma média de 7,8 mil consultas/mês e 340 cirurgias, segundo dados publicados pelo Jornal O Popular. É também um hospital de regulação, ou seja, o povo não tem acesso aleatoriamente, já que a demanda não é livre. O valor médio por atendimento em 2014 foi de R$ 1.352,00 por paciente.

A única verdade que maquia a grande mentira da administração por OS é o bom atendimento. E esse é o sofisma em que se fundamenta o Governo de Goiás. O cidadão mais atento há de concluir que o que houve foi uma grave seletividade no atendimento ao cidadão que busca atendimento médico em Goiás. Não se discute se o atendimento é bom ou ótimo, até porque as OSs recebem muito dinheiro pra isso. Discute-se o acesso do cidadão doente aos serviços médicos garantidos pela constituição federal. Uma grande unidade de saúde não tem o menor valor para a população se mantém suas portas fechadas e se se esconde atrás de uma regulação para efetivamente selecionar quem vai atender ou não.

O que o cidadão goiano deve se perguntar é para onde foram os mais de 600 pacientes/dia excluídos do atendimento do Hugo, por exemplo? Definitivamente não se deve comemorar eficiência ou excelência de atendimento quando se exclui socorro médico ao cidadão necessitado. Todo esse pessoal excluído dos atendimentos em hospitais geridos por Organizações Sociais em Goiás termina se aglomerando em Cais de Goiânia e região metropolitana, gerando uma sobrecarga humanamente impossível de ser atendida. Com uma população de cerca de 1,4 mihão de habitantes, Goiânia tem 4,6 milhões de pessoas cadastradas no sistema único de saúde.

Enquanto os Cais estão abarrotados de gente esperando atendimento, as OSs de Perillo jactam-se do “bom atendimento” prestados a um seleto grupo de pacientes que lá só chegam encaminhados por uma central de regulação, muitas vezes de posse de um mandado de segurança expedido pela justiça.

 

 

 

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